VIDA RIBEIRINHA
Eternamente contemplo: O lento remar beirando o rio, Braçadas no compasso apressado, É o leito do rio, seu caminho, a margem seu destino. Convivo com as águas vivas, lançante d'água, Água mãe generosa. Encher, repontar, vazar, mãe d'água, do rio. E o homem do rio, rio cruzar, rio descer, rio subir. Aproveitar a maré, remar contra, a favor. Vejo o homem aproveitar o vento, velejar, bordejar. E o sol a brilhar, refletir nas águas ribeirinhas, ilhinhas. E a lua, no seu luar, enluarar, as águas subindo nas ilhas,ilhar. Vida ribeirinha é assim; Nosso rio, nossa rua. Rua mutante que sobe, que desce, que enche, que vaza, Que corre, que fica parada. Parada d'água. Maré seca vejo o pescar, baixa-mar. Maré cheia o navegar. Contemplo novamente a lua e o vento a brincar com a maré, Como marionete, fazendo marola, Maresia, rebuliço, correnteza, redemoinho, corredeira, cachoeira A maré que brinca de descobrir as pedras, afundar os recifes. Sobe os peixes, chuva cai renovando as águas, O peixe desova, renovando os cardumes, vibra o ribeirinho Renovando seus costumes. Habitar suas margens, nadar em seus leitos, remar, navegar, pescar, Viver mirando a beira do rio. Explorar, cultivar, extrair d'água víveres, a dança da natureza. A riqueza é o homem que vive, sobrevive nos riachos, Rios, igarapés, furos, braços, paranás, córregos, vales, Onde tudo a água invade, venezas. Água que dá vida, eterna piracema humana. Inexplicável fenômeno essa contemplação ribeirinha, Privilégio de quem nasce à beira-rio.
***** Autor: JORGE DA COSTA BATISTA - nascido em 23 de Julho de 1964, na cidade de Ponta de Pedras/Marajó-PA. Licenciado em história pela UFPA - Campus de Soure-Pa. Professor Municipal em Ponta de Pedras. Vencedor de vários Concursos de Contos e Poesias pela SECULT e SMED/PP. Membro da ASPELPP/DJ (Associação de Professores para Estudos Literários de Ponta de Pedras - Dalcídio Jurandir).
FOTOGRAFIA: Marcelo Bruno
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