“A natureza está secando”: quilombo no Marajó vive impactos do arrozal e clima de violência

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sábado, 17 de março de 2012

URUBU DO VER-O-PESO II


Quem convidou foi seu primo marajoara.
- Lá a comida é de primeira, tudo é fartura!
Morre no verão os búfalos, tamanha terra dura
E os peixes, já não escutam o canto da "uiara".

- Seu lugar deve ser um lugar muito agradável!
- Diria que é um paraíso urubuzino formidável!
- Até lá, Qual a distância seria? Pode ser mensurável?
- Não te preocupes, sou companhia amigável.

O vaqueiro observando uma vaca atolada à beira do lago.
É o primeiro sinal que chegaram à morada do primo
Mais à frente outro animal fraco, arregala os olhos
Ao perceber que alguns urubus jogam pôquer ao seu lado
Como se soubesse a hora do fim por Deus dado.

Carne e mais carne - Que tanta fartura é essa?
- Coma devagar primo! Calma! Não tenha pressa!

Dias. Meses se passaram, mas ele não estava alegre
Tinha um vazio existencial dentro da alma
- O que foi primo?  Não gostaste da linda paisagem?
Sabe o que é primo? Aqui se come muito, tem muita calma!
Mas volto hoje pro Ver-o-peso, gosto mesmo é da sacanagem.

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Fonte: mais um escritor sem livro de Daniel Nicácio
Foto: Ronaldo Salame

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